segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Pausa para refletir

Sempre que falar de um tópico vou posicionar vocês com o que descobri depois que dava suporte àquelas informações.

Quando tinha 5 anos eu estudava em Garanhuns, e os negócios da minha família não deram certo por lá, e tivemos que nos mudar para Recife. Eu era bem inteligente e já lia, escrevia, multiplicava e dividia, e, quando vim para cá, o colégio me colocou de volta na alfabetização e me colocou com acompanhamento psicológico, porque ainda assim estava adiantada. Então, lembro-me que ficava sem entender porque estava aprendendo a ler de novo, e porque estava indo para uma psicóloga, que só me pedia para fazer coisas bem fáceis.

Esse acontecimento deve ter construído em mim essa sensação de desajuste da psicóloga, de que ela não sabia o que fazia. Esse foi de fato um momento marcante na minha vida, que trouxe muitos aspectos ao meu ser, o primeiro foi esse, os outros serão mencionados no momento oportuno.

Até esse momento, as minhas informações eram minhas, não conversava sobre os meus problemas com ninguém, não confiava nos meus pais , nos meus amigos,  em ninguém. Minha educação foi bem repressora, e o cuidado era para que eu estivesse sem doença e estudando bem direitinho, a parte afetiva do carinho, abraço e beijo não acontecia, sempre existindo uma distância segura.

Não existia uma abertura com os meus pais para falar sobre os meus problemas, o mesmo acontecendo com as minhas amigas, então só me restava guardar os meus problemas e resolvê-los sozinha. Talvez daí tenha nascido a minha auto-suficiência...

Outro aspecto a destacar nessa primeira sessão era a minha pressa, minha vontade de sair o mais rápido possível do que me assusta, de estar bem logo. Esse aspecto ainda é presente em mim hoje, é um misto de medo e ansiedade, estou melhor, mais desacelerada, com os pés no chão, porém existem resquícios disso em mim ainda.

Fiquei admirada foi como a minha atual terapeuta tinha descoberto tanta coisa de mim, sem eu dizer quase nada; estava assustada, intrigada, e muito interessada em descobrir como isso podia acontecer.

Era um poder muito grande que ela tinha nas mãos, conhecer tão a fundo assim os seus pacientes. Hoje sei que quanto mais a pessoa se conhece, mais entende e conhece os outros também. Que ir fundo na descoberta de suas feridas lhe dá a maturidade de reconhecer onde possa estar as feridas das outras pessoas.


Era um mundo novo de muitas informações ao meu respeito, muitas questões para lidar, muitas coisas a transformar, muita dor para ser sentida, e muita amor para acompanhar os meus pacientes nessas descobertas também mais a frente.