Como já comentei o medo que
estava sentindo havia me deixado, porém eu tinha muitos outros problemas, o
medo de morrer era apenas um deles.
E o começo da desconstrução foi a
partir dele, tive que responder às perguntas: porque eu tinha tanto medo de
morrer? O que eu achava que ia acontecer se eu morresse?
Essas perguntas me levaram à conclusão de que tinha gente demais que dependia de mim, que eu carregava nas costas - diga-se de passagem, nossas costas só aguentam os nossos problemas, sempre que ousamos colocar outros problemas que não os nossos, danificamos o nosso corpo, corpo esse, que precisamos para tudo que quisermos fazer na vida.
É óbvio que não se cumpre essa tarefa assim por completo logo no primeiro momento. Podemos nos comparar a uma cebola, em que vamos tirando cada casca de uma vez, apenas a parte grosseira dessa desconstrução foi feita, e hoje, ainda, tenho que tomar cuidado, porque às vezes me pego carregando problemas que não são meus, então é importante dizer que tudo que enxergamos como parâmetro de mudança, tem que permanecer como foco constante de nossa atenção, pois passamos uma vida baseada nos antigos padrões e tendemos sempre voltar para eles.
Eu me achava mega importante
porque podia ajudar as pessoas, achava inclusive que era para isso que o
dinheiro servia, e que pouco importava se fosse faltar para mim, ficava feliz
com a alegria da outra pessoa, isso me confortava.
Eu precisava ser a queridinha, a boazinha, a que sempre ajuda, vivia os problemas dos outros para não enxergar os meus, por isso que sempre estava exausta e lisa.
Então esse problema leva a outro; fazia concessões demais, dizia sim, quando na verdade queria dizer não, e ficava com raiva depois, cobrando da pessoa para a qual fiz concessão.
A desconstrução vem justo no dizer não para o que não se quer fazer, por exemplo, tomei posse do meu carro, ele agora era meu, e só emprestava quando eu não fosse usar, não tinha essa história de reservar o carro antes.
É claro que isso traz um desconforto, a pessoa que sempre recebeu um sim, fica transtornada quando começa a receber um não, e a queridinha passa a ser a imprestável, egoísta.
Mas é como se você estivesse numa
tempestade; é incômodo, mas passa, e na sua vida sempre tem outras coisas boas
acontecendo, então é só mudar o foco de atenção. Dá vontade de voltar atrás,
nessas horas é bem importante ter uma terapeuta que te ajude a passar por esse
momento de mudança, depois as pessoas acabam por se acostumar com a sua nova
versão e lhe respeitam mais.