sábado, 28 de junho de 2014

Problemas com o meu pai


Antes de relatar os problemas que meus comportamentos totalmente concessivos trouxeram para mim, gostaria de dizer que meu pai, que, hoje, já não se encontra nesse nosso plano físico, foi um exemplo de muitos atributos que admiro demais, atributos esses que copiei, e que são umas das minhas melhores características.

Ele tinha uma coragem incrível, o medo do novo não era tão presente nele, era desbravador, não importava o tamanho dos obstáculos, ele sempre ia atrás do que queria, a força de vontade dele era adorável. Essas características são tão minhas!

Agora passemos às situações que enfrentei por não saber dizer não e por querer ser admirada por ele, lembrando que o amo de coração e só tenho a agradecer o tempo que passei com ele em vida.

Quando eu tinha uns doze anos, a empresa que meu pai era sócio não deu certo e depois disso, ele tentou de várias formas se reerguer, mas de fato era difícil sem capital e com o nome sujo.

Meu pai tinha problema de obesidade e antes mesmo que eu tivesse um automóvel, assim que comecei a trabalhar, comprei para ele um carro financiado no meu nome, que quem acabou pagando fui eu, pois ele não poderia trabalhar sem esse meio de transporte. Essa foi a justificativa que engoli, mas devo ter feito isso porque sempre quis ser valorizada por ele.

Entre multas, IPVA e parcelas do financiamento, ele deixava meu irmão dirigir o carro, mesmo quando ele saia para beber; eu ficava com muita raiva, mas não conseguia dar limites a ele.

Lembro-me de sempre estar cobrindo as besteiras que ele fazia, revezávamos nessa função eu e minha mãe. Quando estava com algum dinheiro no banco, ele sempre se prestava para cobrir as dívidas que meu pai fazia, muitas vezes fiquei com medo de ele ser morto; nessas horas ele vinha docinho, falando manso; chega me dava um arrepio, sabia que algo vinha e que não era bom!

O universo sempre traz à tona o que precisamos mudar, quando de fato queremos mudar algo em nossas vidas. A minha relação com meu pai sempre foi de muitas concessões da minha parte e nesse momento teve um acontecimento que foi bastante forte para mim e que fez eu dar limites a ele: a troca feita por ele, de um carro que estava em meu nome, levou-me a sérios problemas judiciais. Que fria eu tinha me metido por não dizer não e querer ser vista!

Depois dessa situação extrema, resolvi que ele não era mais dono do carro que paguei, que o carro se voltasse para mim, não ficaria mais com ele, e que nunca mais ele ia usar meu nome para nada.

Senti muita raiva por eu ter me levado a essa situação! Essa emoção me impulsionou a dizer não para ele e arcar com a perda de sua admiração, que era o que eu sempre quis. Aprendi a deixar de ser a " boazinha " e me valorizar mais e, também, a dizer não, antes que as situações se tornassem extremas como essa!