Logo depois que comecei minhas desconstruções, encontrei no
face de uma amiga, o face de um antigo amor, amor da adolescência; adicionei e
postei uma mensagem. Fazia catorze anos que a gente não se via, ele tinha ido
morar em outra cidade.
Então, trocamos telefone, e ele ligou para mim. Minhas
pernas tremiam, não entendia como isso podia ser, como só ouvir a voz de alguém
poderia trazer tamanha emoção para mim.
Na adolescência não namoramos, apenas ficamos algumas vezes,
e de fato foi muito bom revê-lo, sentir tudo aquilo que uma paixão pode trazer,
era como se o tempo tivesse parado, ele continuava lindo e eu tinha mudado
muito pouco do que ele conheceu.
Começamos um namoro, ele era do tipo fora dos padrões
aceitáveis pela minha família, mas fechava com tudo que queria para mim; sei
lá, vivemos momentos muito intensos, gostávamos de cachoeiras, de trilhas e de
praias, então fizemos muitos passeios para esses lugares.
Vivia em conflito por ele não ser o esperado pela minha
família e por me sentir tão bem ao seu lado.
Namoramos um ano mais ou menos, ele acompanhou minha
primeira fase de terapia, e de uma certa forma ele também era para onde olhava
quando estava com muitos conflitos, meio que uma mistura de porto seguro e rota
de fuga.
Ele me ensinou algo muito especial: não viver o amanhã até
ele chegar, o que mexia com a minha ansiedade.
Nossas viagens eram sempre curtas porque ainda não dormia
fora de casa para não desapontar meus pais.
Lembro-me da sensação de estar vivendo algo muito especial
que não me achava merecedora para tanto.