sábado, 18 de outubro de 2014

Nossa Meditação Matinal

Muito cedo ainda íamos ao salão para a nossa meditação matinal, em jejum e sem banho, porque íamos suar. Hoje, realmente não me lembro de todas as meditações que foram utilizadas na época; todas eram novas para mim, estranhas até!

Eram meditações ativas de OSHO, tais como a kundaline e chakra breathing, e outras construídas pela minha terapeuta. Fiz as meditações me achando a maior extraterrestre. Como teve gente que algumas vezes ficou só olhando e outras que não chegavam a tempo de fazê-las, se eu quisesse também poderia fugir.

Mas a proposta era pelo menos tentar. Fi-las com a entrega que tinha naquele momento, com o medo de estar fazendo errado, então de vez em quando abria os olhos para checar se estava certo. Quando sentia uma dor, diminuía o ritmo; enfim, não foi entrega total!

Mais uma vez parecia muito ridículo aquilo; tive vergonha, mas todo mundo estava fazendo, fiz também!

Hoje sei o tamanho da transformação que pode acontecer com essas ferramentas, o quanto se quebra de condicionamentos com elas, são excelentes para mudança, só que tem um detalhe, nunca sabemos o que vamos mudar, simplesmente mudamos, daí num primeiro momento a expectativa de quem já conhecia o trabalho.

De toda forma suava bastante, era boa como atividade aeróbica - que eu adorava nessa época, servia para experimentar coisas novas e ter o que contar, por exemplo.

As meditações de OSHO foram cientificamente elaboradas para nós que pensamos muito e não conseguimos parar a mente; então a idéia é esgotar o corpo e depois relaxar: nesse relaxamento, acontece a meditação.


Olha, a cada dia ficava mais intrigada com o que ia acontecer nesse momento matinal, sempre era uma surpresa nova, totalmente fora dos meus parâmetros; foi muito bom para o meu medo do novo.

sábado, 4 de outubro de 2014

Primeira trilha na própria pousada e almoço

Nossa primeira caminhada se deu logo depois de nossa apresentação no salão, a proposta para a trilha era irmos em silêncio e agradecendo a tudo que encontrássemos por lá.  Era uma trilha longa para iniciantes e com alguns obstáculos, nada muito difícil, mas para mim era tudo novo.

De uma forma geral, diante de um desafio, gostava de me distrair conversando e reclamando de tudo. Como tive que ficar em silêncio, não pude usar essa estratégia para não sentir as minhas dificuldades. Porém o não falar não impediu que existissem as reclamações internas.

Tirei algumas fotos, era uma forma de me distrair, queria tirar fotos minhas, mas não gostava de pedir e tirei apenas aquelas que me ofereceram.

No meio da trilha paramos todos e cada um escolheu uma árvore para abraçar, a proposta era abraçar a árvore por um tempo. Depois dessa vivência, seguimos mais um pouco e chegamos num lugar que teve um banho, o lugar era lindo. Tive dificuldade de ficar de biquíni por causa da vergonha: achava que meu corpo não estava bem, tudo fruto de minha imaginação e perfeccionismo.

Voltei rápido, queria tomar banho primeiro, para que pudesse almoçar em outro lugar; não deu certo, uma das meninas já estava por lá e o jeito foi encarar o almoço do hotel.

Então já para o banho e depois o almoço, eu realmente não comia verduras de espécie alguma e era bem rígida nisso, não quis nem experimentar! Sobraram para mim bananas e arroz integral, que também não comia, mas pelo menos não eram verduras.  Comia e chorava ao mesmo tempo. Não gostava que ninguém me visse chorando, então as lágrimas caiam na ponta dos olhos.

Uma das pessoas da mesa falou que eu estava chorando e perguntou o porquê, era tudo que eu não queria - chamar atenção - mas foi o que aconteceu! E agora todos queriam ajudar, disseram que eu guardasse um pão do café da manhã, e comecei a fazer dessas coisas.

Porém o que de fato aconteceu ali foi que estava sendo privada de comer o que gostava e eu tinha feito uma promessa a mim que isso nunca mais ia acontecer, e quando menos eu espero, aconteceu de novo e eu não pude fugir disso.

Essa promessa tinha sido feita quando eu tinha doze anos; ficamos nessa época morando na casa de vovó que nos acolheu. Porém, por um ano, não tínhamos dinheiro e a comida era escassa. Queria evitar essa sensação de impotência que eu estava vivendo de novo: privação de comida!

Além disso, não queria que ninguém me visse chorar e meio que essa pessoa  expôs  o meu problema, pelo menos a todos que estavam na mesa.  Foi uma situação difícil logo no início. Uma invasão que nem percebi como tal.

No salão comentamos o que experimentamos na vivência toda, ainda hoje tenho dificuldades de expressar o que sinto plenamente com a voz, naquela época mais ainda, então falei bem pouquinho, doida que acabasse logo.

Porém alguns depoimentos me chamaram atenção, pois eles expressavam o que as pessoas sentiam; uma delas sentiu-se em comunhão com a árvore, de forma que ela e a árvore era um só ser, outra pessoa sentiu que uma ventania que teve por lá era uma resposta da natureza; expressões como essas, faziam que eu exigisse de mim algo que não estava pronta para dar.


Queria estar naquela sintonia, mas não era verdade, o caminho a trilhar estava apenas começando!