domingo, 12 de abril de 2015

Vivência com Arte terapia

Em mais uma atividade no salão, foram distribuídas cartolinas e tinta guache, para que desenhássemos o que sentíamos; adivinhem só o meu desenho: um coração nas grades de uma prisão! Eu não tinha muito acesso ao que sentia, mas toda vez que faço um trabalho de arte terapia, a resposta é sempre imediata.

O que descobri nesse momento foi que estava me afastando do meu amor porque me sentia presa em meus próprios condicionamentos, por ele não ser o esperado pela minha família, pelos meus amigos e por mim própria. Até então, entrava nas relações achando que ia mudar a outra pessoa.

Curiosamente eu tinha um padrão de atrair pessoas que não tinham a mesma independência financeira e isso me deixava numa situação delicada, porque na minha cabeça, se eu tinha namorado deveria viajar com ele e não só, como estava fazendo, porém não existia a possibilidade de viajarmos às minhas custas, ele não queria.

Engraçado que me dou conta agora que minha história tem um pouco de privação em todo lugar. Eu podia fazer qualquer coisa, tipo viajar para a chapada em cima da hora e ele não tinha a mesma disponibilidade; consequentemente, nós não podíamos fazer nada!

Não vejo o dinheiro como um fim em si mesmo, mas como uma ferramenta para experimentar as situações que se apresentam na vida; já que dos doze aos dezenove anos não pude viajar muito, nem sair muito, então esperava que agora pudesse fazê-lo.

Apesar de estar aproveitando todas as vivências da chapada, havia a culpa por ter deixado ele lá; não era muito certo para os meus parâmetros de então. Além disso, havia sentido que ele não tinha gostado da minha ida: ele não poderia ir e portanto, nós menos ainda!

O problema é que por mais desafiante que fosse essa jornada, eu estava gostando; então, era bem provável que eu fosse querer mais e talvez já houvesse sentido que teria que escolher entre nós e eu.

E mais: tinha descoberto que, por esses condicionamentos meus, mantinha uma distância segura dos meus sentimentos; eu o amava, mas não queria passar de um determinado limite, limite esse que eu achava que daria conta de ficar bem se ele fosse embora.

Descobri que tinha dependência passiva, não me entregava de verdade por medo de sofrer depois. E decidi então que eu ia mudar isso, que ia assumir o meu sentimento, vivendo completamente o que estava querendo viver, sem reservas.

Na adolescência ele havia me dito que não namorava comigo porque me trairia e que eu era boa demais para ele. É óbvio que isso estava guardado em algum ponto da minha memória, e já que eu ia ser traída era melhor não estar tão entregue assim. Mas depois de tudo que já vivi, posso dizer sem medo de errar, que vale super a pena um momento de pura entrega, de seu coração batendo forte, mesmo que num outro momento você venha a sofrer a maior decepção da sua vida. Se a tristeza vier depois é só uma prova de o que você sentiu foi verdadeiro e que um dia ela passa, como tudo na vida passa.