quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

A experiência na gruta

Fomos cedinho para a gruta e de lá iríamos para o ritual xamânico; então não poderíamos atrasar! A princípio, iríamos para a Torrinha e para a Pratinha, mas estavam cheias por causa do feriado e acabamos na gruta da Lapa Doce.

Disseram apenas para esvaziarmos a bolsa, porque teríamos que andar muito e porque não iríamos precisar do que estava lá; deixei a máquina fotográfica no ônibus, achando que não ia poder fotografar.

Na fila descobri que podia fotografar lá, falei com a minha terapeuta para pegar a máquina, ela não quis deixar porque eu ia entrar naquele momento, só que fiquei propositalmente para o próximo grupo e fui lá ao ônibus correndo para pegá-la. Até aí eu tirava muitas fotos e depois é que eu vivia aquele momento através delas.

Ela foi bem firme na resposta negativa e eu não estava acostumada com isso, esperava que ela fosse me agradar como eu fazia com todo mundo. Depois, ela me disse que tinha que fazer com que as coisas funcionassem: isso era exercer a liderança!

Lá na gruta iríamos ter um momento de silêncio no total escuro, onde deveríamos fazer uma meditação. Estávamos entrando no útero da mãe terra e eu com meus medos, medo de escuro, medo de lugares fechados, medo do novo; mas vamos lá.

Entrei lá e o lugar era um pouco escuro e úmido, e caminhávamos com o auxílio do lampião do guia, estava bem distraída com as fotos que estava tirando então nem estava percebendo que estava com medo.

A meditação foi bastante interessante, com sensações novas; se estivesse de olhos abertos ou fechados, o escuro era total! Os lampiões foram apagados, eu não estava tirando fotos, então meus medos apareceram, minhas mãos estavam suando frio e tremendo, porém só me dei conta porque a companheira que estava ao meu lado me falou.

Depois disso, continuei tirando fotos para me distrair, porém o medo já havia tomado conta. Só comecei a relaxar quando vislumbrei a saída da gruta.

Um dos ensinamentos do meu grupo de terapia é: siga para onde o seu medo aponta! A minha vontade de conhecer a chapada acabou por revelar que apesar do medo a gente sobrevive, e que se nos escondermos atrás dele vamos perder muito da vida.